domingo, 1 de março de 2020

O dia em que a FAB interceptou a PM de Minas Gerais

 F-5EM sobre Brasília (crédito: FAB - http://www.fab.mil.br/fotos)

No dia 14 de março de 2018, a cidade de Unaí, no Noroeste de Minas, foi palco de um fato insólito. A interceptação de um King Air da Polícia Militar de Minas Gerais por um caça da FAB.

Na manhã daquele dia, ouvi-se sobre a cidade o ronco de uma aeronave turboélice, fato relativamente incomum, visto que o tráfego aéreo habitual na cidade é representado por aeronaves agrícolas. Pouco depois ouviu-se o ainda mais incomum rugido de uma turbina. Aqueles mais curiosos que apressaram-se a procurar pelo jato que sobrevoava a cidade puderam constatar que se tratava de um caça Northrop F-5EM da FAB, baseado na cidade de Anápolis, GO (distante cerca de 220 km de Unaí, em linha reta).

 
Decolagem da aeronave King Air C90 PT-OSO Pegasús 12, da PMMG, no Aeroporto de Montes Claros - MG (crédito: Aeroporto de Montes Claros - https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=Opp0ZExYKQE)


O sobrevoo do F-5 repercutiu nas redes sociais e, um piloto local divulgou um áudio em que afirmava que o caça havia sido acionado para interceptar uma aeronave King Air da Polícia Militar de Minas Gerais (o turboélice ouvido antes do caça). O motivo da interceptação seria a utilização de um aeródromo não homologado pela aeronave da Polícia. Segundo o áudio, já faz 20 anos que o aeroporto local é interditado e, apesar do empenho dos pilotos locais, as autoridades responsáveis não o regularizam.

Ainda segundo o áudio, "o Comandante [da PM em Unaí] ficou mais de uma hora com o Centro-Brasília no telefone para amenizar a situação, [mas] eles não quiseram saber, deram as costas para o pessoal" e disseram que o custo da operação do F-5 era em torno de US$ 15.000,00 (quinze mil dólares) e que "a conta ia chegar". 

Segundo informações obtidas pelo blog, na data dos fatos realmente houve um deslocamento aéreo de oficiais do alto escalão da PM para a cidade de Unaí.

Diante da impensável situação de uma aeronave da Polícia Militar ser interceptada por um cada da Força Aérea, entramos em contado com a DECEA e com a Assessoria de Imprensa da FAB, mencionando a versão do áudio e questionando o real motivo do sobrevoo do caça.

Em que pese a Assessoria de Imprensa não haver enviado resposta ao questionamento, o DECEA informou que:

"O voo da aeronave F-5 trata-se de um procedimento de vigilância do espaço aéreo.
"O interesse de utilização do citado aeródromo por forças auxiliares é de responsabilidade da respectiva força, a qual deverá notificar a administração local do aeroporto e os órgãos reguladores.
"Informo que os riscos de incidentes estão sendo avaliados para as devidas coordenações e para prover segurança operacional em nossa área de jurisdição".

Fica claro que o F-5 foi acionado em um "procedimento de vigilância do espaço aéreo" e, diante da presença da aeronave da PM na cidade no momento da passagem do caça, apesar da evasiva resposta do DECEA acerca desse ponto, concluímos que o alvo da interceptação realmente seria aquela aeronave. Até porque, se não fosse assim o DECEA prontamente teria desmentido a informação.




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